Cancro da mama é mais mortífero para o homem.

Tumor da mama também afecta os homens. Embora apenas 1% dos doentes seja do sexo masculino, um estudo científico italiano diz que o diagnóstico é muitas vezes tardio, o que obriga a tratamentos mais agressivos e com piores resultados.


Os nódulos no peito dos homens devem ser investigados.


O cancro da mama nos homens é diagnosticado demasiado tarde, quando a doença já atingiu uma fase avançada, o que dificulta o tratamento. Esta é a principal conclusão de um estudo apresentado ontem na conferência da Sociedade Europeia de Oncologia, em Lugano, Suíça.


Apesar de a maior parte dos doentes com cancro na mama serem do sexo feminino, a doença também atinge os homens: a percentagem de doentes masculinos é de 1%.

Em Portugal, morrem cerca de duas dezenas de homens com cancro da mama por ano - em 2005, foram 19 ; no ano anterior 16; em 2003, 26. As vítimas têm geralmente mais de 65 anos.


O presidente do Colégio de Oncologia da Ordem dos Médicos, Jorge Espírito Santo, diz que este estudo confirma o que aqueles que trabalham na área já sabem. "É verdade que o cancro da mama nos homens é detectado mais tardiamente e um diagnóstico tardio tem sempre consequências negativas: obriga a terapêuticas mais agressivas e os resultados são piores", explica. Ou seja, apesar da taxa de sobrevivência dos homens ser idêntica à das mulheres quando a doença é descoberta no mesmo grau de evolução, como nos homens é geralmente diagnosticada mais tarde, a taxa de sobrevivência é "menor", diz Jorge Espírito Santo.


Na investigação liderada pela italiana Marina Garassino, os homens tinham uma média de 62 anos - embora o mais jovem tivesse apenas 38. O estudo acompanhou 146 homens a quem foi diagnosticado cancro da mama entre 1990 e 2007 e descobriu que a doença já tinha atingido um estado avançado quando foi descoberta. Em metade dos casos já tinha atingido os nódulos linfáticos, o que significa que a probabilidade de se espalhar a outras partes do corpo é maior e, consequentemente, o prognóstico é pior.


"Quando um homem nota que tem um alto no peito, não pensa que pode ter cancro da mama. E muitas vezes o seu próprio médico também não", diz Marina Garassino. Para o oncologista Eduardo Bruno da Costa, a ausência de um rastreio organizado da doença no homem explica a diferença relativamente às mulheres, mais sensibilizadas.


No entanto, a investigadora italiana acredita que, se for tratado no início, e como é altamente receptivo ao tratamento com hormonas, o prognóstico pode até ser mais favorável do que para as mulheres.


Diferenças:


Quanto às características dos tumores, os investigadores descobriram que 73% eram "hormono-dependentes", ou seja, o seu crescimento era influenciado tanto pelo estrogénio como pela progesterona (duas hormonas femininas) - "uma percentagem mais elevada do que nas mulheres".


No estudo, cinco anos depois, a taxa de sobrevivência era de 80% para os homens em que a doença tinha sido detectada numa fase mais precoce e de quase metade para aqueles que tinham sido diagnosticados mais tarde.


"O cancro da mama nos homens é uma doença rara e pouco conhecida. É tratado da mesma forma que nas mulheres, embora o nosso estudo sugira que tem características histológicas diferentes", explica.


"Uma melhor compreensão da doença pode dar-nos pistas sobre como tratar estes doentes com terapias mais modernas, personalizadas", conclui.


Eduardo Bruno da Costa salienta que, sendo uma doença rara, a maior parte dos estudo são feitos com poucos doentes e, por isso, "têm uma reserva implícita".


Para evitar a detecção tardia, a investigadora alerta para a importância de considerar os nódulos no peito suspeitos e recorrer de imediato ao médico.


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